Gatos caseiros
Gatos amarelos, brancos, cinzas, alaranjados e pretos. Ah, os pretos! Estão na maioria das vezes reluzentes como carros desprovidos de plotagem. Seus olhos amarelados, realçam o tamanho dos bigode que lhes dão charme, lhes deixam sisudos. Gostam de deitar em coisas pretas, inclusive mochilas. Adoram cadeiras e apostilas. Odeiam tapetes. E não é surpresa abrir armários e dar de cara com um xaninho! Tenho uma mocinha que não aguenta ver a geladeira aberta.
Se lambem como granfinos de smoking e balançam o rabo como espadas polidas. Não tem intenção de ferir, só de se mostrar mesmo. Se espreguiçam meio que esnobes e empurram nossas mãos com o ''cocorute'' ao encontra-las penduradas num cochilo. Acham-se realmente donos da casa e tem, nos humanos, contraditoriamente como hospedes e garçons. Basta abrir o armário onde se esconde o pote de ouro, menos conhecido como ração, que o interesseiro aparece com a maior cara de gato, dando uma de cavalo do Beto Carreiro, ficando em pé sobre as patas traseiras. Creio que eles não gostam da ração verde, preferem a vermelha, nada vegetarianos, nada saudáveis. Tem também os ''momentos mosca'', o ousado sobe no seu colo, você o tira e, por mais forte que seja o empurrão, ele volta quantas vezes for preciso até monopolizar sua companhia. E o danado vence.
Gatos não são infiéis, são apenas as unhas, não se engane pelo fenótipo. Mas mantenha-se esperto, de bestas têm muito pouco. Felinos são espertos, são independentes, são donos de sí e de seus próprios donos. São reis imperando com seus casacos de pele.
Júlia Carvalho