Abas

quarta-feira, 24 de abril de 2019

A condição humana
é essa lágrima
na ponta do queixo

é a abstinencia
do soluço
depois de tanto prender a respiração

é o ver
é o provar
é cegueira e gulodice

é pensamento desgovernado
pronunciado
com o timbre da tua maior saudade

é pensamento controlado
transbordando
a gaveta da resiliência

É existir
com gosto de nascer
a cada vez que se perceber









Tudo se apagou
junto com a estrela cadente
que rasgou o céu

Foi um pedido.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

atravessando o silêncio

nesses momentos de silêncio
decanta em mim um desejo
de presença mínima
bóio rodeada da suposta saudade
não extinta por completo

Na ausência da venda que me cobre os olhos
e me dissolve a dúvida
eu abro algo sem nome
dentro de mim
como quem diz "é só hoje"
pra que você
projete
o teu pensamento
naquele lugar que cavou
enfraquecido
mas ainda vivo

calculo nos dedos invisíveis então
as vezes que pensou em mim em silêncio
olhando
pra o meu suposto logunedê
pro ascendete de Gil
pro instrumento que te dei sem embrulho
assim como tudo que te dei.

Tu guarda pra lembrar
ou pra esquecer?

Tu não calcula como eu.
E se calcualar
de nada adianta.

Mas adianta quando quebro o silencio
E pode ser com a minha própria voz
presença física do meu desacordo

toco o chão gelado com os pés anestesiados do agora
eis a condução do calor presente
É nessa hora que faço do passado nada
perto do futuro.

Eu me percebo aqui. Depois do silêncio.