Abas

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Colocando piso, perdoando-se.

Forrar o chão de pedrinhas, pedrinhas brilhantes como se a rua fosse minha, inteira minha. E os passos abrigados, registrados e fossilizados no meu tapete de memorias, ficam iluminados. Ilumina-los e torna-los resquícios de vivencias, de carências, de plenitude e o logo após, o sono. Nada de apertar, julgar e algemar o que passou, pode-se lembrar e ninar toda demência, toda a cega paixão. E quando ela dormir coloque-a no berço da lembrança e perdoa toda a ânsia que um dia te atingiu. É, dormiu...

Júlia Carvalho.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Finjo?

Talvez você tenha sido a primeira pessoa que me instigou de verdade, a primeira que me olhou como alguém que olha. Eu, tentando ser mais eu, primeira pessoa, me vi em você e quem sabe fingi te pertencer. Mas não, não funcionou.
O mundo é grande à alguns quilômetros daqui, você bem sabe, vai ver é por isso que não me acolhe, é uma questão de lógica. Mas nem preciso, sinto que chegou a hora de assumir pro meu ser maltratado que aprendi e entendi que não mais vou me tratar na terceira pessoa. Vou ser mais do meu instinto, no entanto, apertar o cinto e andar segura, constante, olhando as placas. Não preciso sinalizar, blá, basta entrar com segurança, na minha mão, segurando na mão de quem me tem, sem ser refém de nenhum bichinho de orelha.

ps: nunca te amei, assim como nunca achei que te quisesse. Juro.

E foi repentino


Quando eu saí pra viver, eu perdi o medo. Eu fui lá e fiz, eu fui lá e disse olhando nos olhos de quem quer que fosse. Bati o martelo. Os meus segredos tão ocultos esconderam-se tão mais que já nem me lembro deles. Desenhei com traços tortos minhas angústias e parece que elas foram transferidas para o papel porque também não lembro mais. Hoje não quero ficar em casa diante de telas, eu quero ver faces e vida real; eu quero sair. Resolvi assumir minhas culpas, abaixar o tom de voz e melhorar os argumentos. E eu resolvi também ser menos indiferente, dar valor as presenças e preservar o que conquistei. Eu sei lá, eu só sei que mudei. E foi repentino.