Abas

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

meu abandono

Eu sofri até o ponto necessário.
Até a linha lanzuda do teu abandono
não ter mais como se esticar
enrolando minha garganta.

Eu me achava desencorajada
e desrespeitava a minha fraqueza.
Achei que sentia mais do mesmo todos os dias
enquanto meu processo passava invisível diante dos meus olhos molhados.

Mas agora
chegada a hora do meu abandono
eu renuncio de tudo isso.
Eu renuncio do teu lençol de flores pequenas
Eu renuncio do barulho das cadeiras de tua cozinha
E de toda cúrcuma.

É que preciso renunciar do teu silêncio.

Agora. Ou mais breve do que nunca.



terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Enquanto houver pais,
ainda seremos filhos.
Depois disso seremos menos.
Seremos daí até o desnacer,
até a próxima certidão,
indigentes do misterioso existir.
Órfãos de respostas e certezas.

Mas enquanto houver pai e mãe
Enquanto houver responsáveis
por tal chegada não explicada
Nos seremos criação de alguém
E não somente poeira cósmica

Ass: Júlia, a Guimarães de mãe, a Carvalho de pai