Abas

sábado, 21 de setembro de 2013

Os trouxas do pano

O capitalismo é um tecido que não se rompe.
E cá estou eu já falando de produto têxtil, veja só.
A gente nasce é nu.
Pelado, pelado.
Aí vem uzômi e põe tanga em nossas vergonhas
— como mal disse Pero.
Uma vergonha é isso tudo.
Roupa a gente usa no frio, que é quando precisa.
Mas aí me vem uzômi querendo introduzir calça jeans
num país tropical e bonito por natureza!
[Pelado, pelado! Nu!]
Onde faz 40ºC durante 365 dias e 365 noites!
É de chorar um dilúvio com um negoço desse...
E toda luta soa vã e ilusória.
Tem gente que tenta dar elasticidade a esse tecido,
de modo alternativo e até um pouco conformado
de que é impossível desatar essas amarras.
Dessa trouxa de pano com todo mundo dentro.
Que trouxas somos nós...
Caímos na história do velho do saco que
prometeu dar doces e nos transformou em sabão.



[Eu acho que esse texto ainda não está lapidado e que merecia uns (muitos) reparos e melhoras, mas vai assim mesmo. Me sinto feliz de ter enxergado o efeito dessas coisas sobre o mundo, de não mais estar alheia ao pensamento sobre elas. A universidade me abriu os sentidos para pensar,  assim como o contato com gente e também a minha própria percepção. Estou feliz, mas estou triste e, assim como Charlie, ando me perguntando como isso é possível.]

Hilza de Oliveira

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